sexta-feira, 19 de maio de 2017

Wesley Batista diz que Cid Gomes recebeu R$ 20 milhões em propina da JBS

O empresário da JBS Wesley Batista afirmou em delação premiada que o ex-governador do Ceará e ex-ministro Cid Gomes cobrou e recebeu R$ 20 milhões em propina para bancar a campanha do atual governador do Ceará, Camilo Santana, em 2014. Na delação, Batista diz que "nunca esteve" com Camilo Santana e que repassou o dinheiro à campanha por meio do secretário de Estado Arialdo Pinho e o então deputado federal Antônio Balhmann.
Ainda conforme a delação, o valor foi repassado e, como recompensa, o Estado do Ceará pagaria à JBS R$ 110 milhões que o estado devia à empresa em crédito de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS).

Questionado sobre a delação, Camilo Santana alegou que as doações que recebeu na campanha foram legais e declaradas. "As informações que tenho são de que foram feitas de forma absolutamente corretas e dentro da lei. Tanto que todas as contas foram devidamente aprovadas pelo TRE", disse o governador Camilo Santana.

Em nota, Cid Gomes afirma que repudia referências em delação que atribuem a ele o recebimento de dinheiro. "Nunca recebi um centavo da JBS. Todo o meu patrimônio, depois de 34 anos trabalhando, é de 782 mil reais (IRPF2016), tendo sido duas vezes deputado, duas vezes prefeito e duas vezes governador", afirmou.

O G1 tenta contato com Arialdo Pinho e Antônio Balhmann. Até a tarde desta sexta-feira, as ligações a Arialdo Pinho não foram atendidas. A Assessoria de Assuntos Internacionais, da qual Antônio Balhmann é titular, afirma que ele está em viagem e sem comunicação.

Dívida do estado com a empresa


Na deleção, o empresário detalha como foi feita a negociação com o então governador Cid Gomes. "Nós tínhamos R$ 110 milhões acumulados que o Governo do Estado não pagava. O governador Cid Gomes esteve no nosso escritório, comigo e com o Joesley, falou com a gente e pediu uma doação em São Paulo. Nós perguntamos quanto ele esperava de doação. Ele disse que esperava R$ 20 milhões. Eu disse 'governador, impossível eu contribuir com R$ 20 milhões enquanto o Estado me deve R$ 110 milhões e não me paga'. Ele não falou nada e saiu, falou 'tá bom, deixa eu ver o que posso fazer sobre esse assunto'."


Ainda conforme o delator, duas semanas depois o secretário Arialdo Pinho e o então deputado Antônio Balhmann procuraram os irmãos Batista, em nome de Cid Gomes, para cobrar a doação de R$ 20 milhões, ameaçando não pagar os R$ 110 milhões que o estado supostamente devia ao grupo empresarial.

                     

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