quarta-feira, 25 de abril de 2018

Brasil é o segundo país latino com mais jornalistas assassinados


 O Brasil é o segundo país da América Latina com o maior número de jornalistas assassinados entre 2010 e 2017, apontam dados da ONG internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF), divulgados em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (25), no Rio de Janeiro.
Durante este período, 26 repórteres foram mortos no país por motivos relacionados ao exercício da profissão. O número põe o Brasil atrás apenas do México, com 52 assassinatos de profissionais de imprensa no período. O RSF leva em conta apenas casos em que é possível ligar diretamente o crime com a prática do jornalismo.
Somente entre 2016 e 2017, quatro jornalistas foram mortos no país: Luiz Gustavo Silva, blogueiro morto em Aquiraz (CE) após publicar notícias sobre um assassinato, Maurício Santos Rosa, dono do jornal mineiro O Grito, João Miranda do Carmo, que fazia críticas em seu site ao prefeito de Santo Antônio do Descoberto, nos arredores de Brasília, e João Valdecir Borba, radialista do Paraná.
Além dos crimes de assassinato, a RSF também mostrou preocupação com o número de casos de ameaça e intimidação contra os profissionais. De acordo com a ONG, foram cerca de 99 casos no Brasil no ano passado. No início de Abril, a sede de um jornal no litoral do Paraná foi alvejada por tiros.
A violência contra repórteres colocou o Brasil na 102° posição entre 180 países no ranking mundial que avalia a liberdade de imprensa. Em 2016, ele era o 103º colocado. Além do assassinato e ameaça contra repórteres, o ranking publicado pela ONG anualmente desde 2002 também avalia parâmetros como a concentração da propriedade dos meios de comunicação e as leis que regem o setor.
"A ascensão de uma posição não diz muito, significa que o Brasil está estagnado, não há nada positivo para comentar. A 102º posição não é digna de uma grande democracia como o Brasil", disse Emmanuel Colomblé, diretor da RSF para a América Latina. Para ele, dois motivos ameaçam a liberdade de imprensa no país: a concentração da propriedade dos meios de comunicação e falta de amparo do poder público aos profissionais, que acarreta no aumento dos casos de violência.
"Não existe um mecanismo de proteção ou de investigação exclusivo para casos de ameaça a jornalistas, tampouco há preocupação do poder público para a segurança dele. O discurso sobre a liberdade de imprensa não existe por parte do presidente, do Ministério Público", disse.
De acordo com o RSF, algumas coberturas particularmente complicadas prejudicam a posição do Brasil, como as pautas ligadas a segurança pública e aos direitos humanos nas regiões de periferias ou favelas de grandes cidades.
Na verdade, no Brasil não há ainda uma verdadeira liberdade de expressão. Os membros da imprensa brasileira, queiram ou não queiram, no exercício de sua profissão, são às vezes, amordaçados sob a pressão e as ameaças dos poderosos que não querem ser denunciados. Aqui em Sobral, isso acontece muito. Alguns dos nossos radialistas são vítimas dessa prática que fere a democracia.

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